Já não me recordo quantas noites foram perdidas, nunca esquecidas, só perdidas. E diante de mais uma, creio estar sendo redundante e pleonástico.
Se referir à noite, não necessariamente envolve a intenção de citar o pôr do sol. A noite neste caso é menos poética, menos natural, menos bela...
Falar da noite astral, é falar da tribulação diária que é acordar, intencionalmente se levantar com expectativas de um dia melhor, mas falhar em todas as tentativas, alcançando por fim o fracasso total.
Pode soar fraco e tendencioso, mas tenho aprendido todos os dias, como criança ingênua que ainda sou, que o que se pensa e o que se sente, está tão dividido quanto o dia e a noite. O dia nesse caso é o que se pensa: Claro e simultaneamente óbvio, dinâmico e mutável. A noite porém, sendo o que se sente, é tão misteriosa que parece vista por um véu, meio nítida, semi-permeável, translúcida, assim como num lusco-fusco. É incerta, desencorajante, com tendências maiores ao tédio, medo, insegurança.
Por aí se entende a noite astral. A concepção é possivelmente tão pouco clara, quanto sua definição, porém concreta.
A sensação que se tem quando se está preso em uma noite astral, acredito ser similar à morte, mesmo que ainda não tenha tido o prazer de conhecê-la. É a sensação de prisão num tempo e espaço contínuos, vazios e escuros, sem por quê nem pra quê, e neles simplesmente existir. É um sentimento pesado de fracasso e inutilidade indescritíveis.
Depois de tanto tempo sucumbindo à tal situação, entende-se não existir outra alternativa senão aceitar os fatos, e como se não houvesse outra alternativa, deixar-se vagar como que meio morto até o fim do que claramente é infindável, sem expectativas ou anseios, pela eternidade a esperar.
Ayron B.
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