quarta-feira, 22 de outubro de 2014

"Dito popular"

Um antigo dito popular costuma, sempre que citado, nos alertar que "aqui se faz, aqui se paga". Claramente, ninguém atribui a ditos populares a sabedoria óbvia que neles se encontra embutida.
Uma vez um velho e sábio homem, me disse que "um galho sozinho se parte com facilidade, mas um feixe grande dificilmente se partirá", também que "quando dois aleijados andam juntos, um escora o outro", mas obviamente se um deles decide partir, mas deixando o outro para trás, ambos devem encontrar uma forma de se manterem de pé sem o suporte que o parceiro outrora proporcionara. Acredito que o mesmo caberia aos galhos se separados. 
Imagine só, se de uma maneira hipotética, nós, precisados de companhia como somos, nunca encontrássemos alguém que suprisse essa nossa necessidade! Penso que seria de grande tristeza. 
Mas eu, em minha curta existência, hoje, posso afirmar, garantir, firme e convictamente, que "antes só, do que mal acompanhado". Vagar por esse mundo, cheio de necessidades de afeto, incentivo e desejos carnais a serem supridos, não deve ser fácil quando não se tem ou nunca se teve ninguém. Porém, nada se compara ao amargor que te sobe o esôfago, quando se ouve a voz do abandono ou o grito estridente da traição. Aí, não há outro caminho, senão deixar pra trás o antigo suporte, agora encosto, seguir em frente como possível for, aguardando pela oportunidade de se conhecer um novo alguém, que te sirva de suporte, consolo ou incentivo.
Se a missão for difícil, árdua e trabalhosa, a persistência pode ser sua melhor amiga para a ocasião, afinal, "antes tarde do que nunca".



Ayron B,

"Noite astral"

Já não me recordo quantas noites foram perdidas, nunca esquecidas, só perdidas. E diante de mais uma, creio estar sendo redundante e pleonástico. 
Se referir à noite, não necessariamente envolve a intenção de citar o pôr do sol. A noite neste caso é menos poética, menos natural, menos bela... 
Falar da noite astral, é falar da tribulação diária que é acordar, intencionalmente se levantar com expectativas de um dia melhor, mas falhar em todas as tentativas, alcançando por fim o fracasso total.
Pode soar fraco e tendencioso, mas tenho aprendido todos os dias, como criança ingênua que ainda sou, que o que se pensa e o que se sente, está tão dividido quanto o dia e a noite. O dia nesse caso é o que se pensa: Claro e simultaneamente óbvio, dinâmico e mutável. A noite porém, sendo o que se sente, é tão misteriosa que parece vista por um véu, meio nítida, semi-permeável, translúcida, assim como num lusco-fusco. É incerta, desencorajante, com tendências maiores ao tédio, medo, insegurança. 
Por aí se entende a noite astral. A concepção é possivelmente tão pouco clara, quanto sua definição, porém concreta. 
A sensação que se tem quando se está preso em uma noite astral, acredito ser similar à morte, mesmo que ainda não tenha tido o prazer de conhecê-la. É a sensação de prisão num tempo e espaço contínuos, vazios e escuros, sem por quê nem pra quê, e neles simplesmente existir. É um sentimento pesado de fracasso e inutilidade indescritíveis.
Depois de tanto tempo sucumbindo à tal situação, entende-se não existir outra alternativa senão aceitar os fatos, e como se não houvesse outra alternativa, deixar-se vagar como que meio morto até o fim do que claramente é infindável, sem expectativas ou anseios, pela eternidade a esperar.





Ayron B.